depressão sexual
Milhões sofrem de «depressão sexual»
portugal diário 28/08/2006Funerais com striptease revelam problema dos trabalhadores migrantes, na China
A proliferação do striptease para amenizar os funerais, nalgumas zonas rurais chinesas, suscitou um enorme alvoroço, mas revelou também os problemas sexuais de 140 milhões de trabalhadores migrantes da China, escreve a «Lusa».
Tudo começou, este ano, com uma reportagem da estatizada Televisão Central da China (CCTV), que revelou o uso das representações eróticas em Fonte Quente (Wen Quan), uma localidade de economia afortunada graças aos negócios criados à volta das suas saudáveis águas termais.
Segunda reza a tradição popular na região, quando um ancião morre, os familiares homenageiam-no com um funeral em que não pode faltar nem a música (com uma típica corneta acústica, tocada também nos casamentos), nem encenações de ópera.
Funerais lotados com striptease
Contudo, nos últimos anos, as companhias artísticas encontraram uma arma muito mais eficaz para atrair o público e conseguir funerais lotados, o que é considerado como uma honra para o falecido.
Espectáculos eróticos com striptease, chistes picantes e intercâmbios eróticos com o público tornaram-se habituais e arrastaram para os enterros centenas de operários migrantes deslocados para a próspera zona, situada na Província Oriental de Jiangsu.
Afastados de casa e marcados pela frustração sexual que caracteriza este grupo, segundo estudos oficiais, os operários iam aos funerais de aldeia em aldeia, em busca de satisfação gratuita.
Quando mais remota e pequena era a aldeia, explicava a reportagem da televisão, mais picantes eram os enterros com nus integrais de actores e actrizes, e aproximações eróticas aos espectadores que deixavam muita gente boquiaberta.
Após a transmissão da reportagem, a resposta do governo não se fez esperar e cinco organizadores de 'striptease' foram detidos, enquanto alguns responsáveis locais foram suspensos.
Milhões sofrem de depressão sexual
De qualquer forma, o escândalo trouxe à luz do dia as necessidades dos 140 milhões de migrantes rurais que vivem nos centros industriais chineses, em precárias condições de vida, com regimes exaustivos de trabalho, afastados da família e sem tempo nem recursos para satisfazerem os seus desejos sexuais.
Um estudo do Ministério da Saúde alertou para o facto de 88 por cento daqueles trabalhadores sofrerem de «depressão sexual», o que os leva a recorrerem a películas pornográficas e, nos casos mais extremos, à violação, segundo o diário China Daily.
Propostas para resolver o problema
Segundo Wu Yiming, decano do Departamento de Sociologia da Universidade de Nanquim, ignorar esta questão «levará a problemas físicos e psicológicos», pelo que é urgente apresentar medidas.
Entre elas, endurecer a legislação para castigar os patrões que abusem dos imigrantes, criar centros de lazer, onde «possam jogar às cartas ou ver filmes saudáveis» ou distribuir preservativos gratuitamente para evitar a propagação de doenças infecciosas, disse o perito.
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