quarta-feira, agosto 30, 2006

Menina apresentou queixa

Drama - ‘Correctivo’ leva menor ao hospital

Miguel Azevedo
correio da manhã 30/08/2006

Mesmo depois de ter sido sovada pela mãe, alegadamente na sequência de um “correctivo”, Ana Mara [nome fictício], de 12 anos, teve forças para fugir de casa, no Bairro 6 de Maio, na Amadora, e apresentar queixa na Polícia.
A criança deverá ficar internada até estarem reunidas todas as condições de segurança no agregado familiar

A menina, que quinta-feira passada deu entrada no Hospital Amadora-Sintra com hematomas nas costas e nos braços, conseguiu, apurou o CM, escapar-se, às escondidas da mãe e do padrasto, e refugiar-se na esquadra da PSP da Mina, próximo de sua casa. Foi assistida ainda no local por uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) que lhe prestou os primeiros socorros e lhe fez a devida avaliação dos sinais vitais. Segundo fonte do INEM, “a menina estava bastante queixosa e apresentava hematomas e edemas nas costas e nos braços, mas não tinha ferimentos sangrantes”.

Foi depois transportada ao Hospital Amadora-Sintra, onde ontem, seis dias depois da agressão, ainda se encontrava internada com justificação clínica. Fonte daquela unidade avançou ao CM que, por indicação da Comissão de Protecção de Menores, a criança só deverá ter alta “quando estiverem salvaguardadas as garantias de segurança”.

Segundo consta, pouco depois da agressão, as autoridades policiais dirigiram-se a casa da menina quando a mãe e o padrasto desta julgavam que ela se encontrava no quarto a dormir.

Confrontada com o sucedido, a mãe acabou por confessar a agressão, explicando às autoridades que tudo tinha acontecido no seguimento de um “correctivo”, soube o CM. Consta, no entanto, que terá mostrado algum arrependimento e que terá mesmo acompanhado a filha ao hospital. Segundo fonte policial, corre também a versão de que a menina terá sido agredida pelo padrasto.

A verdade é que a confirmar-se o acto da mãe, o mais provável é que quando deixar o Hospital Amadora-Sintra, Ana Mara seja transportada directamente para uma casa de acolhimento. O caso está a ser avaliado pela Comissão de Protecção de Menores da Amadora.

1200 CASOS EM APENAS TR~ES ANOS

No período de três anos, o Hospital Amadora-Sintra referenciou ao Serviço Social cerca de 1200 casos de crianças e jovens por problemas sociais – uma média de 400 por ano. Os dados incluem casos de violência, abuso sexual e negligência e foram avançados, no início do mês, ao CM por Maria do Céu Machado, directora do Serviço de Pediatria. Especificou ainda aquela responsável que dez a 15 casos por ano têm a ver com violência sexual.

“Nós, médicos, habituámo-nos a ter um olhar suspeito. Apesar de o serviço ser enorme, como temos reuniões diárias de discussão de doentes, acabamos por conhecer os nomes das crianças e as patologias. Às vezes percebemos que aquela crianças chegou pela terceira vez ao hospital com o mesmo problema e referimos isso ao serviço social”, disse.

COMISSÃO CONHECIA A MENOR

O caso é dramático, mas a verdade é que Ana Mara há muito que está referenciada pela Comissão de Protecção de Menores da Amadora, embora as referências não tenham a ver com violência exercida directamente sobre a menor.

Segundo Maria da Luz Leitão, secretária da Comissão, “a situação da criança já era conhecida, não por suspeita de maus tratos mas por viver num agregado familiar em que há conflitos”. Aquela responsável acredita, por isso, que este terá sido um caso de “violência pontual”.

De resto, esta é uma situação recorrente em bairros especialmente problemáticos, como é precisamente o caso do 6 de Maio. Maria da Luz Leitão refere ainda que, por vezes, por questões culturais, “as pessoas não se apercebem de que o castigo físico é o mesmo que maus tratos”. A Comissão foi alertada pelo Hospital Amadora-Sintra logo na noite de quinta-feira, assim que os responsáveis daquela unidade hospitalar suspeitaram que a criança tinha sido vítima de maus tratos.

Como habitualmente neste casos, a Comissão pediu depois o envolvimento dos responsáveis pela criança, no caso a mãe, para resolver os problemas, de modo a proteger os interesses da menor, explicou Maria da Luz Leitão.

NOTAS DE VERGONHA

ONU APONTA PORTUGAL

Segundo a UNICEF, Portugal é dos países onde o número de mortes de crianças por maus tratos é mais elevado. Em Portugal, 66 crianças morrem por ano devido a violência.

FÁTIMA L.

A bebé Fátima L. foi internada no ano passado em Viseu vítima de maus tratos cometidos pelos pais. Tinha um mês e meio e apresentava fractura craniana, lesões no ânus e outras partes do corpo.

O CASO VANESSA

Vanessa, com apenas cinco anos, foi morta e lançada ao Rio Douro no ano passado. Pai e avó foram condenados por maus tratos continuados.

'ESTALADA' PERDOADA

Em Abril, o Supremo Tribunal de Justiça considerou “lícito” e “aceitável” o comportamento da responsável de um lar de crianças deficientes mentais de Setúbal acusada de maus tratos a vários jovens.


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terça-feira, agosto 29, 2006

Tráfico de crianças no Sudoeste da Europa

Unicef denuncia «labirinto aterrador»

Carlos Abreu
expresso 29/08/2006

Os traficantes de crianças continuam a «depredar» no Sudoeste da Europa. A Unicef fala mesmo em «labirinto aterrador» e propõe uma nova estratégia de combate.
Muitas crianças romenas da região de Oas chegam todos os anos aos arredores de Paris. Ganham a vida a roubar.

Kosovo. Aos 14 ou 15 anos muitas raparigas deixam a casa dos pais para procurarem emprego. É frequente encontrarem como única saída a prostituição. Roménia. Muitas crianças da região de Oas chegam todos os anos aos arredores de Paris. Ganham a vida a roubar. Estes são exemplos vivos de uma realidade – a do tráfico de crianças – para a qual a Unicef só encontra uma saída: Prevenção, prevenção e mais prevenção.
O caminho é apontado num relatório intitulado «Agir para Prevenir o Tráfico de Crianças no Sudoeste da Europa – Uma Avaliação Preliminar», ontem divulgado em Londres pela Unicef e pela Organização Não Governamental Terre des Hommes.
O fenómeno não está quantificado, face à realidade com que os técnicos se deparam no terreno. «Pobreza, maus-tratos, exclusão, marginalização», denunciou Maria Calivis, directora regional da Unicef para Europa Central e de Leste e a Comunidade de Estados Independentes, ontem, durante a apresentação. Mas uma coisa é certa: são muitas as vítimas dos traficantes.
«É possível pôr fim ao tráfico antes mesmo que este comece», lembrou Christian Hafner, vice-presidente da Terre des Hommes, que também estava presente na sessão de apresentação do documento.
Como? Em primeiro lugar é preciso perceber que a estratégia actual, que assenta, sobretudo, no procedimento criminal contra os autores e no resgate das crianças, não é a única solução.
Crimes em família
Em seguida, sustenta a Unicef, reconhecer que os actuais esforços de prevenção são «avulsos» e têm estado muito dependentes das acções de sensibilização geral. Algumas campanhas de sensibilização, por exemplo, contêm «imagens estereotipadas de homens a espreitar na sombra quando muitas vezes os traficantes são membros da família ou amigos», pode ler-se no relatório.
Na perspectiva da Unicef, combater o tráfico de crianças é lutar contra as causas do problema – «Pobreza, maus-tratos, exclusão, marginalização».
«Para desenvolver uma rede apertada e eficaz que proteja as crianças, temos de recorrer à fonte, ouvir o que as crianças têm a dizer sobre este assunto e preencher as lacunas do nosso conhecimento sobre padrões de tráfico e as das nossas abordagens e mensagens», avançou Maria Calivis, acrescentando: «Repetidas vezes, foram desperdiçadas oportunidades para prevenir ou pôr fim ao tráfico».
No fim, a mensagem da directora da maior organização mundial dedicada à protecção das crianças não podia ser mais clara: «Para derrotar os predadores, é urgente que nos tornemos tão organizados e ágeis como eles.»

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depressão sexual

Milhões sofrem de «depressão sexual»

portugal diário 28/08/2006

Funerais com striptease revelam problema dos trabalhadores migrantes, na China

A proliferação do striptease para amenizar os funerais, nalgumas zonas rurais chinesas, suscitou um enorme alvoroço, mas revelou também os problemas sexuais de 140 milhões de trabalhadores migrantes da China, escreve a «Lusa».

Tudo começou, este ano, com uma reportagem da estatizada Televisão Central da China (CCTV), que revelou o uso das representações eróticas em Fonte Quente (Wen Quan), uma localidade de economia afortunada graças aos negócios criados à volta das suas saudáveis águas termais.

Segunda reza a tradição popular na região, quando um ancião morre, os familiares homenageiam-no com um funeral em que não pode faltar nem a música (com uma típica corneta acústica, tocada também nos casamentos), nem encenações de ópera.

Funerais lotados com striptease

Contudo, nos últimos anos, as companhias artísticas encontraram uma arma muito mais eficaz para atrair o público e conseguir funerais lotados, o que é considerado como uma honra para o falecido.

Espectáculos eróticos com striptease, chistes picantes e intercâmbios eróticos com o público tornaram-se habituais e arrastaram para os enterros centenas de operários migrantes deslocados para a próspera zona, situada na Província Oriental de Jiangsu.

Afastados de casa e marcados pela frustração sexual que caracteriza este grupo, segundo estudos oficiais, os operários iam aos funerais de aldeia em aldeia, em busca de satisfação gratuita.

Quando mais remota e pequena era a aldeia, explicava a reportagem da televisão, mais picantes eram os enterros com nus integrais de actores e actrizes, e aproximações eróticas aos espectadores que deixavam muita gente boquiaberta.

Após a transmissão da reportagem, a resposta do governo não se fez esperar e cinco organizadores de 'striptease' foram detidos, enquanto alguns responsáveis locais foram suspensos.

Milhões sofrem de depressão sexual

De qualquer forma, o escândalo trouxe à luz do dia as necessidades dos 140 milhões de migrantes rurais que vivem nos centros industriais chineses, em precárias condições de vida, com regimes exaustivos de trabalho, afastados da família e sem tempo nem recursos para satisfazerem os seus desejos sexuais.

Um estudo do Ministério da Saúde alertou para o facto de 88 por cento daqueles trabalhadores sofrerem de «depressão sexual», o que os leva a recorrerem a películas pornográficas e, nos casos mais extremos, à violação, segundo o diário China Daily.

Propostas para resolver o problema

Segundo Wu Yiming, decano do Departamento de Sociologia da Universidade de Nanquim, ignorar esta questão «levará a problemas físicos e psicológicos», pelo que é urgente apresentar medidas.

Entre elas, endurecer a legislação para castigar os patrões que abusem dos imigrantes, criar centros de lazer, onde «possam jogar às cartas ou ver filmes saudáveis» ou distribuir preservativos gratuitamente para evitar a propagação de doenças infecciosas, disse o perito.


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sábado, agosto 26, 2006

os tempos estão a mudar novamente

bob dylan - os tempos estão a mudar novamente

Andreia C. Faria
jornal de notícias, cultura

Os tempos continuam a mudar, mas nem sempre necessariamente para melhor. É essa pelo menos a opinião de Bob Dylan, que, em vésperas de lançar o seu novo álbum - cinco anos de silêncio depois de "Love and theft" -, critica as técnicas de produção e os modernos formatos de gravação de música. O acontecimento chama-se "Modern times" (edição Sony/BMG) e surge embrulhado numa estratégia de secretismo e polémica.


Não é que Dylan tenha alguma coisa a provar enquanto músico, mas, no que toca à produção, emancipou-se e tomou o controlo da engenharia musical do seu mais recente trabalho discográfico, o 44.º da sua carreira, sob o pseudónimo Jack Frost.

Em entrevista à "Rolling Stone", o autor de "Blowin' in the wind" reforça que não gosta de gravar discos. "Faço-o com renitência. Não me apetecia [neste disco] ser sobre-produzido. De qualquer modo, sinto que sempre fui eu a produzir os meus discos, excepto quando alguém se intrometia", avisa, falando por meias palavras dos desentendimentos que protagonizou com os produtores Daniel Lanois ou Arthur Baker. E assegura "Ninguém sabe melhor do que eu como é que a minha música deve soar".

Piratas antecipam disco

"Modern times" tem lançamento previsto para segunda-feira, mas, como sempre acontece, a internet antecipou-se e as dez faixas que o compõem já rodam, ilegalmente, no ciberespaço desde o dia 21.

Nada que preocupe a Sony BMG, que pôs já em marcha uma campanha de marketing para atiçar ainda mais o apetite dos melómanos. A editora norte-americana convocou para Nova Iorque os mais prestigiados críticos musicais de todo o mundo, concedendo-lhes o privilégio de ouvirem, do início ao fim, as novas canções do lendário cantautor. Com uma condição todos os presentes na sala estavam legalmente proibidos de divulgar qualquer tipo de informação até à data de lançamento.

Oficialmente,o álbum terá uma antestreia na madrugada de domingo para segunda-feira, na XM Satellite Radio [ver caixa]. Mas os gurus da opinião musical já ditaram a sua sentença. "Modern times" é a "terceira obra-prima seguida" de Dylan, depois de "Time out of mind", de 1997, e "Love and theft", de 2001, avisou Joe Levy. E a "Rolling Stone" e a "Uncut", publicações musicais de peso, deram a pontuação máxima à nova obra de Dylan.

Em sentido contrário vai Alexis Petridis, crítico inglês do "The Guardian", que acusa "Modern times" de ser um trabalho "que não se assume" e não "um daqueles raros, inequívocos e fantásticos álbuns de Dylan".

As revistas de música adiantam ainda que o disco não se esquiva a referir feridas recentes na psique americana, como o 11 de Setembro e o furacão Katrina, mas não revelam se há mudanças de direcção nas opções estilísticas de Dylan. Há ainda curiosas referências à cantora Alicia Keys, de quem Bob é supostamente fã, na canção de abertura, "Thunder on the mountain" "Não há nada naquela rapariga de que eu não goste", declara.

CD é formato "atroz"

Mas não são apenas os críticos quem acende a discussão em torno do álbum. Aos 65 anos e sem papas na língua, é o próprio Dylan, em entrevista à "Rolling Stone", quem faz do seu novo trabalho um panfleto contra as técnicas modernas de gravação de música. "Não conheço ninguém que tenha feito um disco, nos últimos 20 anos, que soe decentemente. Ouves esses discos modernos e são atrozes, com o som espalhado por todo o lado. Não está nada definido, nem sequer a parte vocal, é como se fossem sons estáticos", critica.

E assume "As minhas canções provavelmente soavam dez vezes melhor em estúdio do que na gravação. O CD é pequeno, não tem estatura. Lembro-me quando apareceu o tipo do Napster e toda a gente arranjava música gratuitamente. Eu pensei: por que não? Não há nada que valha a pena, hoje!", acrescenta. Talvez por isso "Modern times" vai estar também disponível em formato vinil.

A acompanhar o lançamento de "Modern times", há ainda a insólita 'biopic' de Todd Haynes [ver caixa], em fase de rodagem, em que o músico norte-americano será incarnado por sete actores diferentes, entre os quais Heath Ledger, Christian Bale e... Cate Blanchet.

Mostrando que as boas companhias ajudam à manutenção do mito, Bob Dylan rodeou-se dos melhores actores da actualidade e não se fez rogado às grandes estratégias de marketing convidou Scarlett Johansson para as gravações de um 'videoclip' e de uma curta-metragem de promoção ao disco.

É o 'air du temp', e Dylan pode criticá-lo, mas não lhe vira a cara.

BOB DYLAN

Os tempos estão a mudar novamente

Não é só provável que se entre, novamente, na imagética psicadélica de Bob Dylan - é bastante seguro que esse seja o caminho "O filme é inspirado na música de Dylan e na sua habilidade para se recriar e se reinventar outra e outra vez". A perspectiva é de Christine Vachon, produtora de "I'm not there", o novo filme que o cineasta Todd Haynes está a preparar sobre o compositor. Mas a realização do autor de "Longe do paraíso", filme sobre as prisões do desejo, contém uma singularidade maior: Todd Haynes definiu sete personagens para representar o criador de "The times they are a-changin'" - e com um elenco forte: Heath Ledger, Richard Gere, Christian Bale, Charlotte Gainsbourg, Julianne Moore, Michelle Williams e Cate Blanchett. A acção revolve à volta da América dos anos 60 e 70, com uma série de histórias que expressam um aspecto da personalidade mercurial de Dylan. Cada uma das histórias terá o seu próprio tom visual adaptado a uma diferente temática. O filme está ainda a ser rodado no Québec, Canadá. A data de estreia não é conhecida, mas deverá ocorrer durante o próximo ano.
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quarta-feira, agosto 23, 2006

Mulher acusa presidente de assédio

Mulher acusa o presidente de Israel, Moshé Katzav, de assédio sexual ...

O presidente de Israel, Moshé Katzav, será interrogado hoje pela Polícia israelita sobre a sua implicação numa questão de assédio sexual, que poderá levar à sua demissão na sequência da revelação de "segredos de alcova". A Polícia procedeu ontem, na sequência da abertura de um inquérito oficial ordenada no dia 12 pela Procuradoria-geral, a uma revista minuciosa ao seu gabinete, tendo apreendido vários computadores.

Segundo o porta-voz da Polícia israelita, Micky Rosenfeld, "os investigadores efectuaram na segunda-feira uma revista à residência oficial do presidente Katzav em Jerusalém", de onde também levaram documentação vária e computadores, entre eles o pessoal de Katsav, a fim de continuar com as investigações sobre o assédio sexual a uma ex-funcionária do gabinete presidencial. De acordo com a AFP, aquela funcionária terá denunciado o presidente por ciúme, após ter descoberto que Katzav também mantinha actividade sexual com outra funcionária do mesmo gabinete.

O escândalo do alegado assédio sexual do presidente Katzav, de 55 anos, junta-se a uma série de outros envolvendo membros do Governo israelita, entre os quais o próprio primeiro-ministro, Ehud Olmert, suspeito de irregularidades numa transacção imobiliária.

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recusa o maior prémio mundial da Matemática

Cientista russo recusa o maior prémio mundial da Matemática


jornal de notícias 23/08/2006
BERNAT ARMANGUE / ap

O cientista russo Grigori Perelman, responsável pela demonstração da conjectura de Poincaré, um dos maiores problemas sem resolução da matemática, recusou, ontem, a medalha Fields, atribuída pela União Matemática Internacional (UML). A medalha, frequentemente referida como "o prémio Nobel da Matemática", ser-lhe-ia entregue, ontem, em Madrid, no decorrer do 25.º Congresso Internacional de Matemáticos.

"O prémio é completamente irrelevante para mim", referiu Perelman, à revista "The New Yorker". "Qualquer pessoa entende que, se a demonstração estiver correcta, não é necessário nenhum outro reconhecimento", prosseguiu.

John Ball, presidente da UML, disse, em conferência de Impresa, que se deslocou propositadamente a São Petersburgo, onde o matemático reside com a sua mãe, numa tentativa de convencer Perelman a aceitar o prémio. Contudo, este não terá mudado de ideias por se sentir "isolado relativamente à comunidade matemática".

"Quando não tinha muita visibilidade, eu tinha possibilidade de escolha ou fazia coisas horríveis ou, se não quisesse fazer esse tipo de coisas, seria tratado como um cão. Agora, que me tornei numa pessoa extremamente visível, não posso continuar como um caniche, sem dizer nada. E esse é o motivo por que decidi abandonar", afirmou o russo.

Apesar da recusa, Perelman foi distinguido pela UML devido às suas "contribuições para a geometria e o seu aprofundamento revolucionário na estrutura geométrica e analítica do fluxo de Ricci". Juntamente com o matemático russo, foram distinguidos o também russo Andrei Okounkov, de 37 anos, devido "à interacção entre a teoria das probabilidades, a teoria da representação e a geometria algébrica", o francês Wendelin Werner, de 38, pelas suas "contribuições para o desenvolvimento da evolução estatística de Loewner, a geometria do movimento browniano a duas dimensões e a teoria conforme dos campos", e o australiano Terence Tao, de 31 anos, pelas "contribuições para as equações em derivadas parciais , à análise harmónica e à teoria dos números aditivos".

A conjectura de Poincaré, que afirma que qualquer variedade tridimensional fechada e com grupo fundamental trivial é homeomorfa a uma esfera tridimensional, está incluída nos "sete enigmas do milénio", pelos quais o Instituto de Matemática Clay ofereceu sete prémios no valor de um milhão de dólares, a quem os resolvesse, prémio que Perelman ainda não reclamou.

Congresso em Madrid

A 25ª edição do Congresso Internacional de Matemáticos CIM) está a decorrer em Madrid, no Palácio Municipal de Congressos, e irá prolongar-se até ao dia 30 deste mês.

A edição deste ano, que reúne mais de 3500 matemáticos provenientes de 126 países, foi inaugurada ontem de manhã pelo rei Juan Carlos de Espanha, encarregue de entregar as quatro medalhas Field a Andrei Okounkov, Wendelin Werner y , Terence Tao e ao ausente Grigori Perelman. O prémio, o mais importante da especialidade, foi criado em 1936, com o objectivo de estimular a investigação nesta área. Organizado de quatro em quatro anos, o CIM já distinguiu 44 cientistas, todos com menos de 40 anos, idade máxima permitida para poder receber o prémio, que nunca, até agora, tinha sido rejeitado. O próximo Congresso Internacional de Matemáticos decorrerá no ano de 2010, em Hyderabad, na Índia.

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terça-feira, agosto 22, 2006

A raia é espanhola

Maria José Margarido
Rui Coutinho (foto)


Diário de Notícias - Boa Vida
Há em Freixo de Espada à Cinta - e certamente noutros locais fronteiriços - o costume de alugar um código postal em Espanha, que os locais garantem bastar ser um apartado, para depois comprar um carro no país hermano e assim não pagar o imposto automóvel português. Os sinais de que esta população dorme e trabalha deste lado mas vive quase sempre do outro são assustadores. Do gás à gasolina, passando pela roupa e alimentação, tudo é comprado em Espanha, porque os preços compensam e as distâncias também.

"Um freixenista, um poiarês ou ligarês que queira fazer as compras mensais só tem, em Portugal, hipermercados em Bragança e Mirandela", explica o historiador e funcionário da câmara Jorge Duarte - e só tem estas alternativas porque os comerciantes locais perceberam que não valia a pena tentar fazer frente ao gigante que é Salamanca, a 110 quilómetros de distância. As pequenas mercearias que existem servem apenas para os produtos alimentares ocasionais. Também em Salamanca há grandes armazéns de roupa, móveis e tudo o que se possa imaginar - até Vila Real demora-se duas horas, até ao Porto três horas e é "tudo mais caro". Daqui à capital espanhola estende-se a mesma distância que até à portuguesa - com a vantagem, no caso da primeira, de oferecer voos mais baratos para o resto do mundo.

Jorge Duarte acredita que, quando as pessoas se aperceberem destas vantagens, "voltam para a raia e esquecem o litoral. Aqui estamos mais perto da Europa, e a segurança, até em termos de criminalidade, é total." Os espanhóis também cá vêm, mas "pela comida, adoram o bacalao". E pela paisagem: "Este verde e os montes são irresistíveis: é que daquele lado, lá em cima, começa logo a meseta."

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é du bocage !


"Esta situação entristece-me"

Luís Galrão

Diário de Notícias - Tema



"Passaram-lhe a rasteira e ele caiu", teoriza Joaquim Ezequiel, de 70 anos, sobre a provável demissão do presidente da Câmara de Setúbal. "Está a jogada da mafia toda montada", explica aos amigos com quem partilha a sombra na Praça Du Bocage, a poucos metros da autarquia. Para este reformado alentejano, a residir em Setúbal há 47 anos, Carlos de Sousa "é um homem do melhor que há e é por isso que os vampiros o atacaram". "Esta situação entristece-me, porque votei nele", lamenta este comunista assumido.

Francisco Reis, de 75 anos, sentado na outra ponta do banco, é mais pragmático nas razões que o levam a apoiar o presidente: "Eu estou com ele porque ele é um bom governante e paga-me a natação". E explica: "É que tenho reumático e aquilo faz-me bem". Ao lado, Ermelindo Claudina, um sadino de 73 anos, concorda com os amigos. "Esta cidade não se compara ao que era. Está a crescer, tem estradas melhores", diz. E reforça: "Ele é um homem popular, cumprimenta toda a gente e não tem manias". "Só podia ser do PCP", apressa-se a explicar Joaquim entre risos.

Ali perto, na Adega dos Passarinhos, também se comenta o assunto do dia. "Já ouvi na televisão, mas nós aqui não temos razões de queixa dele", conta ao DN Vítor Fidalgo, que trabalha neste café há oito anos. Em conversa com um cliente acaba por dizer que "a cidade podia estar mais desenvolvida", apontando como principal problema "a limpeza urbana, que está pior desde que o trabalho deixou de ser feito pela câmara".

Helena Trancoso, proprietária de uma loja de roupa infantil, lamenta a eventual saída do presidente. "Tenho pena que se vá embora, mas aquilo não devia ter acontecido", diz, referindo-se às irregularidades detectadas pela Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT). Antes de mudar há seis meses para Setúbal, Helena residiu oito anos em Palmela, concelho onde Carlos de Sousa também foi presidente. "Trago de lá muito boas recordações. Foi um excelente presidente". Aqui "ele encontrou a câmara numa situação complicada e precisava de tempo para a resolver".

Ao balcão do bar do Clube de Amadores de Pesca de Setúbal, Casimiro Santos afirma que "o trabalho do presidente não tem sido mau, mas o homem não pode fazer mais com verbas tão escassas". A única crítica dirige-se também para as falhas na limpeza urbana: "Desde que passou a ser feito por privados [a empresa IPODEC] aquilo não anda bem".

Ninguém arrisca um desfecho para esta crise na autarquia de Setúbal. Mas Joaquim Ezequiel tem uma proposta para resolver o problema das aposentações irregulares: "Chamem-nos todos e ponham-nos a trabalhar, porque ainda estão em boa idade".

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sábado, agosto 19, 2006

Um dos segredos


"Um dos segredos é ir ter com as pessoas"

Ana Pago
em DN Media, hoje



O crescimento de jornais gratuitos assume já a proporção de boom, somando publicações nos quatro cantos do mundo e desferindo um rude golpe na imprensa tradicional. Os dois novos diários lançados pela Dinamarca no início da semana - Dato e 24timer - vieram engrossar a lista, aumentando para seis a "família" escandinava (que contava com o MetroXpress, o Morgen Centrum, o Urban e o Soendagsavisen). Tiago Bugarin, director-geral do Metro Portugal, explica este êxito com "a própria gratuitidade e o facto de serem os jornais a ir ter com as pessoas", a fomentar a proximidade."De acordo com a realidade portuguesa, o que fazemos é essencialmente estudar os movimentos pendulares para perceber os grandes fluxos e entregar o Metro logo de manhã", revela ao DN o responsável pela versão nacional de um conceito além-fronteiras. Sem esconder que "o objectivo primordial de fidelizar audiências passa por ser uma alternativa de referência à imprensa diária global. Gratuita e paga."

De traços concisos e actuais, a apostar em notícias breves e de fácil leitura, os gratuitos surgiram na Escandinávia no início da década de 90, instaurando um modelo que pegou. Desde então já conquistaram 29 países e uma distribuição diária de 21 milhões de exemplares: o filão revelou-se inesgotável. "O que os leitores procuram hoje é sobretudo um jornal prático, sem custos, que possam ler a caminho do trabalho", resume Tiago Bugarin. Considerando que "um dos segredos consiste também em saber ir ter com as pessoas".

Gratuitos no mundo

O grupo sueco Metro International registou um dos maiores crescimentos mundiais ao somar 27 edições em 14 idiomas e 16 países. Entre eles, a Espanha, que dispõe ainda do 20 Minutos, Qué!, Metro Directo, Más e o recente ADN (além de vários desportivos), e Portugal, a contar com o Destak, o Jornal da Região, o Saúde Semanári o e o Mundo Universitário.

Em Inglaterra, o magnata Rupert Murdoch criou o The London Paper, a desafiar títulos como o Metro, o London Evening Standard ou o London Lite. França lê o Metro, 20 Minutos e Marseille Plus, mas também La Terrasse, Sport, Newzy, Té-léVision e Femme en Ville. Os EUA dão cartas com o Express Washington Post, San Francisco Examiner, amNewYork, Metro, 20 Minutes e AM Journal Express.

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quinta-feira, agosto 17, 2006

Receber sem trabalhar

Receber sem trabalhar é possível através da Internet

diário de notícias
Maria João Espadinha

Ganhar dinheiro sem trabalhar é um sonho de muitos que parece impossível. Mas não é. Actualmente já é possível contratar alguém do outro lado do mundo que faça o trabalho por um quinto do preço praticado em Portugal.

Trata-se de uma nova tendência do offshoring, conceito económico já muito conhecido, que significa a migração de negócios ou postos de trabalho para outros locais, normalmente com custos inferiores ao país de origem. Agora, graças à expansão da Internet, já não são apenas os grandes negócios que se tornam globais. Quem quiser pode fazer off- shore de pequenas tarefas pessoais para trabalhadores a quilómetros de distância.

O conceito é conhecido como "offshoring pessoal" e é popular nos EUA e Reino Unido, mas está ainda apenas disponível para serviços que possam ser fornecidos online. Através da Internet, é possível contratar desde um programador informático na Índia ou no Dubai, uma empresa que desenvolve sites exclusivos, até consultoria legal ou traduções.

A diferença de preços praticados entre os países que contratam e os que são contratados tem provocado alguma controvérsia. É que, para algumas pessoas, esta tornou-se uma via de receber o ordenado sem trabalhar. Por exemplo, um programador de software, conhecido apenas como Nonac, admitiu, num site de notícias sobre informática, ter contratado um programador na Índia, sem o conhecimento do seu empregador. Este indiano recebeu 9416 euros por fazer um trabalho para o qual Nonac recebe um ordenado de mais de 52 mil euros. "Ele está contente por ter trabalho, eu estou contente por apenas ter de trabalhar 90 minutos por dia", afirma. "Agora, estou a considerar arranjar um segundo trabalho e fazer a mesma coisa", confessa o programador.

Este comentário levantou algumas questões éticas entre a comunidade informática. Mas as opiniões dividem-se. David Renzowitz, editor de uma newsletter sobre finanças pessoais, defende o offshore pessoal. "Provavelmente, o seu patrão está a planear subcontratar os postos de trabalho da sua empresa daqui a um ano ou dois", defende o jornalista, citado no site WeeklyWorldNews. "O importante é ter a certeza de que a pessoa subcontratada para fazer o trabalho é competente - de outro modo pode ser despedido", alerta este responsável, que acredita que 9% dos trabalhadores norte-americanos já recorrem a este tipo de serviços.

Mas a informática não é o único sector que beneficia com este novo conceito. Por exemplo, já há psiquiatras que subcontratam os seus congéneres na Índia para realizar chamadas de acompanhamento dos pacientes. E a educação através da Internet é o próximo passo. Empresas indianas como a Career Launcher ou a Educomp Datamatics competem para oferecer explicações pessoais em directo através da Web, com preços entre oito e 31 euros.

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quarta-feira, agosto 16, 2006

Repórteres de televisão ajudam homem a imolar-se

portugal diário - 2006/08/16 | 16:10

Tudo aconteceu na Índia. Jornalistas deram-lhe fósforos e gasolina e depois filmaram tudo

Repórteres de televisão indianos à procura de um furo jornalístico ajudaram um homem que protestava por causa de salários em atraso a imolar-se pelo fogo frente às câmaras, dando-lhe fósforos e gasolina, noticiou esta quarta-feira a imprensa indiana, citada pela Lusa.



Segundo a polícia, tudo ocorreu terça-feira, aniversário da independência da Índia, quando Manoj Mishra protestava frente à leitaria onde trabalha, no distrito de Gaya, Estado de Bihar (leste da Índia), exigindo 200.000 rupias (3.382 euros) de salários em atraso.

Os jornalistas de televisão terão, então, encorajado Mishra a imolar-se pelo fogo, fornecendo-lhe os fósforos e a gasolina, antes de filmarem tudo, explicou o chefe da polícia local, Amit Jain, citado pelo diário The Indian Express.

«Os jornalistas sabiam da intenção do homem e permitiram-lhe que cumprisse o seu plano de suicídio e filmaram a cena», referiu Amit Jain. «Os jornalistas não fizeram qualquer tentativa para salvar o homem e só quando os empregados da leitaria viram as chamas e o fumo a elevar-se do corpo do homem é que as operações de socorro começaram», acrescentou.

Mas Manoj Mishra, com 90 por cento do corpo queimado, acabaria por não resistir aos ferimentos e faleceu pouco depois de chegar ao hospital. «Quando os serviços de socorro acorreram para o salvar, já era demasiado tarde», adiantou à AFP um agente da polícia.

A polícia abriu um processo judicial contra os jornalistas cuja identificação não foi ainda determinada, divulgou o referido diário indiano.



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sábado, agosto 12, 2006

A máquina que a torna «linda»



portugal diário
2006/08/12 | 18:28

Investigador criou máquina fotográfica que a faz «parecer mais bonita»

Basta um clique e já está. Simples e eficaz. De pouco fotogénica a modelo. E não é preciso «trabalhar» a foto com Photoshop ou artes gráficas. Segundo o jornal espanhol El País, o investigador Tommer Leyvand, da Universidade de Telavive, inventou uma máquina fotográfica, com um programa de embelezamento.

Este programa de software contém logaritmos que «tratam» a imagem no momento: alargam a face, esticam a pele, «sobem» as sobrancelhas ou alisam a tez. O resultado é surpreendente. O sistema cria um rosto «mais atraente» corrigindo pequenos erros.

Para criar os algoritmos, Tommer Leyvand entrevistou dezenas de pessoas, mostrou cerca de 200 fotografias e criou uma «tabela atractiva» para rostos. Após inserir os dados no sistema, voltou a questionar os participantes do seu projecto. Colocou «o antes» e «o depois» e, em 79 por cento dos casos, as pessoas afirmaram que «o depois» era mais atractivo.

Leyvand apresentou a sua invenção no dia 3 de Agosto, na conferência de «SIGGRAPH», em Boston.

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terça-feira, agosto 08, 2006

Madonna crucificada em Roma


Madonna desafia protestos e encena crucificação em Roma

em DN arte 08/08/06

Madonna ignorou o coro de protestos religiosos e encenou uma crucificação no concerto que deu em Roma, domingo à noite, como parte da sua digressão mundial Confessions. À margem da controvérsia, a cantora deixou um apelo à paz entre islão e judaísmo.

Perante uma audiência de 70 mil fãs, no estádio olímpico da capital italiana, Madonna voltou a desafiar as críticas, incluindo uma ameaça de excomunhão, e voltou a ser erguida, com uma coroa de espinhos na cabeça, numa cruz revestida de pequenos espelhos.

No centro da polémica esteve a integração de símbolos religiosos no espectáculo, considerada ofensiva por líderes católicos, muçulmanos e judaicos. Madonna defendeu-se com a justificação de que as imagens faziam parte de um apelo a um maior envolvimento na luta contra a sida.

Representantes da Igreja Católica chegaram a acusar a artista de blasfémia e de provocação, um sentimento que esta só inflamou ainda mais ao convidar o Papa a estar presente no concerto.

Porém, a única mensagem que Madonna reservou para a noite foi de paz. "É possível ter paz neste mundo. Vocês devem acreditar que mudar o mundo é possível", disse rodeada de dois bailarinos, com o Crescente Vermelho e a Estrela de David desenhados nos seus corpos.

O momento mais aguardado pelo público aconteceu quando interpretou o tema Live to Tell, durante o qual encenou a sua crucificação - uma secção que faz parte da digressão desde o seu arranque, em Maio -, ao mesmo tempo que eram projectadas imagens e números de pessoas em sofrimento em todo o mundo. A Rainha da Pop apimentou o espectáculo de duas horas e meia com outras imagens controversas, chegando, a certa altura, a mostrar fotografias do Papa Bento XVI logo a seguir às do ditador italiano Benito Mussolini.

Um desafio à fé

Uma fã de Madonna, Tonia Valerio, de 39 anos, disse à agência Reuters que achou a crucificação "desnecessária e provocadora". "Por estarmos em Roma, preferia que não o tivesse feito. Mas é a Madonna, ela é um ícone, e isso compensa a sua necessidade de provocar", explicou.

O cardeal do Vaticano Ersilio Tonino, que falou com o consentimento de Bento XVI, classificou o concerto como "um blasfemo desafio à fé" e uma "profanação da cruz". O cardeal apelou à excomunhão de Madonna, educada como católica.

A porta-voz da artista, Liz Rosenberg, recusou a ideia de que o espectáculo constituía um insulto à religião. "O contexto da cena na cruz não é negativo nem foi concebido para desrespeitar a Igreja", afirmou.

A Igreja Católica condenou no passado vários dos videoclips e digressões de Madonna (ver caixa) e um grupo do Vaticano alertou, em 2004, que a mais recente crença religiosa da autora de Like a Virgin, a Cabala (uma forma mística de judaísmo), constituía uma potencial ameaça à fé católica.

A polémica viaja agora para Moscovo, em antecipação do primeiro concerto da cantora na Rússia, no dia 11 de Setembro. A Igreja Ortodoxa russa já apelou aos seus fiéis para boicotarem o espectáculo, uma vez mais devido à apropriação da imagem de Jesus Cristo na cruz.

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domingo, agosto 06, 2006

Madonna convida Papa

Madonna convida Papa para concerto

Depois de, em 1989, o videoclip de "Like a Prayer" ter sido considerado uma blasfémia pelo Vaticano, Madonna quer agora assinar tréguas ao convidar o Papa Bento XVI para assistir, no próximo dia 16, ao seu concerto de apresentação de "Confessions on a Dance Floor", durante a qual cantará uma canção amarrada a uma grande cruz, cravejada de cristais. A porta-voz de Madonna afirma ter a certeza de que o pontífice "irá apreciar e aplaudir o trabalho da cantora".

No entanto, Madonna não caiu nas graças da Igreja Ortodoxa russa, que apelou ao boicote dos concertos da cantora naquele país por parte dos fiéis. "Para ilustrar as suas próprias paixões, Madonna explora a cruz, a imagem da Virgem e outros símbolos religiosos. Isto é inadmissível", declarou Vsiévolod Chaplin, director de relações públicas da Igreja Ortodoxa russa.

Em declarações ao diário russo "Kommersant", Chaplin "recomenda encarecidamente" aos fiéis da religião Ortodoxa que não apareçam nos concertos de "Confessions", tourné de apresentação do mais recente álbum de Madonna, agendados para 11 e 12 de Setembro, em Moscovo.

Talvez para evitar polémicas, os concertos da cantora norte-americana deverão realizar-se no recinto da universidade estatal de Moscovo, depois de inicialmente terem estado marcados para a Praça Vermelha, onde recentemente actuou Roger Waters. Esta será a primeira vez que Madonna actua em território russo.

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A mão de Deus

em jornal de notícias 06/08/2006

Se Deus fosse uma pessoa, também andava de autocarro. Também ficava com dores de barriga quando a professora o apanhasse a copiar, também lia o Tio Patinhas à noite, às escondidas, debaixo dos lençóis, sentindo os primeiros prazeres da adrenalina que vicia o sangue desde cedo.

Se Deus existisse mesmo, descia à terra pelo corpo dos homens para sentir a carne, o medo, o desejo, a fome e o sono. Uns dias seria homem para navegar, lutar, conquistar, caçar, beber, rir e arrotar, outras vezes seria mulher, para sonhar, parir, esperar e amar. Se Deus quisesse, misturava-se com os homens e semeava o seu poder entre eles. Existiriam menos guerras e mais curandeiros, epidemias podiam ser evitadas e os tsunamis chegavam em carta registada com aviso de recepção.

Talvez não exista um Deus, mas várias entidades divinas que disputam o destino da Terra como as crianças que aprendem a governar o mundo em jogos de computador. Agora jogas tu, agora jogo eu, dá-me aquela país e eu ofereço-te este oceano, se te der sol e mar, tu dás-me progresso e conforto, mas não queiras tudo, onde houver terras férteis e gente boa, vou ter de largar por lá uns quantos bandidos para não ser tudo tão fácil, porque só da tristeza é que pode nascer a alegria e só sabe ser feliz quem podia ter perdido tudo ou perdeu quase tudo menos a vida.

Deus não tem cara e no entanto acreditamos nele. Acreditamos porque não queremos acreditar numa existência arbitrária em que nada nem ninguém nos pode governar. Acreditamos porque o que mais tememos é viver entregues a nós próprios. Todos nascemos de um pai e de uma mãe, todos crescemos nos braços de alguém, todos aprendemos o que é a felicidade quando nos apaixonámos pela primeira vez e engolimos a tristeza quando chorámos uma grande perda.

É melhor pensar que, quando alguém morre, foi porque Deus assim quis, que quando o mundo se mata me guerras é porque Deus assim decidiu. É mais fácil imaginar uma entidade todo-poderosa que nos trata como números ou formigas, bocados de carne viva, que por acaso usam o cérebro, que sentem dor e tristeza e que por vezes se sentem perfeitos do que um mundo sem governo, sem princípio nem fim, sem uma mão que nos guia.

A mão de Deus que se manifesta na sorte, na fortuna, nos milagres de sobrevivência, nos momentos em que damos o que temos de melhor aos outros anda por aí, em pequenos gestos e grande silêncios, a guiar-nos como uma força invisível que nos faz distinguir o bem do mal, o certo do errado, o medo da vontade, a inveja da generosidade. A mão de Deus pode ser mais uma falácia de demagogos, mas eu sinto-a quando entro no avião e imagino que regresso a casa, salva e ilesa, como um pássaro que cruza os oceanos numa missão migratória para descansar numa cama só minha onde não há lanternas nem Tios Patinhas escondidos do mundo, apenas a brancura perfeita de um sono tranquilo e doce, o sono dos mortais.


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dias estranhos


door's 1967

Strange days

Strange days have found us
Strange days have tracked us down
They're going to destroy our casual joys
We shall go on playing or find a new town

Strange eyes fill strange rooms
Voices will signal their tired end
The hostess is grinning
Her guests sleep from sinning
Hear me talk of sin and you know this is it

Strange days have found us
And through their strange hours
We linger alone
Bodies confused
Memories misused
As we run from the day
To a strange night of stone

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